O começo

A chegada de José Valderi de Oliveira á grande São Paulo foi complicada. Aos 19 anos, praticamente sem saber ler e escrever, o jovem que sempre viveu no sertão da Paraíba não sabia o que esperar ao desembarcar na rodoviária do Tietê, na capital.

Ao ver o tamanho da cidade, ficou espantado: “eu fiquei com muito medo de me perder do meu irmão, por isso ficava correndo atrás dele pelas ruas do Centro de São Paulo. E ele brincava, andava em zigue-zague para me despistar. Eu acabei trombando com um cara”, relembra, aos riscos.

A chegada em São Caetano do Sul

O retirante nordestino chegou a São Caetano do Sul na década de 80 e foi morar no bairro São José com um de seus 13 irmãos. A vida na cidade grande era uma novidade para ele, que passou a infância na roça, na cidade de São José de Piranhas. “Eu era um matuto, um barriga-verde. Para ter uma ideia, eu fui ver televisão pela primeira vez aos 16 anos, na casa de uma irmã”, lembra.
A história de valderi começa parecida com a de muitos migrantes, mas em pouco tempo ela se transformou em função do ramo que escolheu.

O paraibano que chegou a São Caetano do Sul para ser peão na indústria, não demorou a arrendar um bar. “Eu acho que não nasci para trabalhar de empregado. Uma hora que eu estava dentro da empresa, para mim, já era como se tivesse passado um dia”.
Depois do fim do contrato de aluguel com a proprietária do bar, valderi voltou ao chão de fábrica. Mas, novamente, não aguentou ficar muito tempo ouvindo ordens do patrão.

Até os dias de hoje

E lá foi ele novamente. Desta vez, comprou um bar no bairro Mauá e foi expandindo o negócio, até chegar ao espaço na esquina da Rua Castro Alves e Engenheiro Armando Arruda Pereira, no bairro Cerâmica, onde montou seu restaurante, na sequência uma cozinha industrial e logo após uma pizzaria.
“Eu fiquei dez anos trabalhando direto, sem tirar nenhuma folga. Por 12 anos, acordava por volta das 5h e ia dormir após as 22h”, lembra. Tanto esforço deu resultado: hoje, o Restaurante e Pizzaria Valderi vende cerca de 1000 refeições por dia e tem 40 funcionários registrados quase todos de sua família. As quartas, sábados e domingo, o movimento cresce por causa da tradicional feijoada.

Mesmo com dificuldades em ler e escrever, Valderi centraliza as decisões do restaurante. “Não é fácil tocar isso. É meio complicado. E se não tem uma pessoa responsável em cima, isso vai abaixo. Você pode ter certeza”.